domingo, 1 de agosto de 2010

Visitando

Olá,
eu precisava lhe fazer essa visita. Essa eu sabia de que precisava, primeiro por dívida, depois por benefício.

Mas teve outra visita que eu fiz. Pior, também por dívida, mais que por benefício. E isso é bem ruim. Eu preferiria que fosse ao contrário. Mas ela ainda me liga, ainda me liga pra me dizer "onde você está? porque eu estou no mesmo lugar". A dívida que eu criei desde que existo não há como pagar, mas eu consegui dever mais que a maioria e dever isso duas vezes. Como faço? Tudo bem, sou grata. Sou grata do tipo que bom que ela fez tudo isso, graças a Deus que ela fez tudo isso, porra... mais que tudo. Mas e aí? Ainda assim, não pedi. A gente pode dever o que não pede? Pode pagar aquilo que não tem?

Ela diz ser diferente desde pequena. Inicialmente parece ter conseguido um bom desenvolvimento, até destaque. Quando estourou a casca do seu ovo, congelou. Sempre se machucou muito, desde o início, e quando precisou do corpo ele não respondeu. A inércia prevaleceu. A partir de então começou a degenerar. Suas funções, que necessitavam do coitado do corpo, foram sendo perdidas. Ela guardou uma. Guardou a melhor.

Poder-se-ia dizer que essa precisa mais apenas da vida que as outras. Ou não. Vai ver ela é muito isso, esqueceu do resto. Prioridades, vai saber... Fato é que ela passou a definir-se mais por essa função que por si.

E agora, que faço eu se tiver de dizer a essa mulher que essa função não é mais aquela?

Ela diz que prefere que não a visite mais. Eu prefiria que as minhas visitas fosse menos culpadas. Que alegrassem em vez de lembrar a dor. Pode a presença não lembrar a falta?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

postagem futura

Pra você:

aqui haverá um texto sobre dinossauros

terça-feira, 29 de junho de 2010

É favor
dar licença da minha cabeça
ou ocupar de vez seu lugar no meu corpo

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vocativo,

você são três

(continua)

Antiga, da cama

Podia chover essa semana. Aí você viria me pedir abrigo. Sua mãe entenderia. Seu cachorro sentiria falta, mas seria recompensado com mais espaço na cama e uma surpresa. Falaríamos até as três da manhã. Você faria perguntas indiscretas. Daria respostas certeiras. Você me mostraria novamente suas cicatrizes. Eu iria abraçá-la. Chorando e rindo. Quase em silêncio. Sem saber por quem. Querendo tudo de novo e tudo diferente depois.
Querendo tudo.
Sentindo muito.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Vai mesmo? Vai chamar um helicóptero e jogar flores, gritar meu nome, colocar foco de luz e tudo o mais? Vai mesmo?


Ai!
Não sei mais se quero.


Não sei. Que se antes foi óbvio que esse tom era o exato, por um momento desacreditei de tudo. Sofri uma dor mais de saudade ou nostalgia, da perda de uma vida que não me pertence mais, e que não desejo assim em grande parte.


Agora estou no Meio do caminho.


[Só que trouxe você pro meio da rua. Não sei se foi correto. Eu sempre tenho a preocupação de saber se foi. É uma garantia pra mim]

Então, no meio do caminho, penso que no volume baixinho, como a música do meu quarto, funcionava bem. Que não precisa estar tudo no megafone. Que tá frio. Que talvez as terças sejam mais chatas. Que eu não entendo a minha necessidade de insistir, repetir. Muito menos de falar.

Esquece tudo. Fecha os olhos. Deita aqui. Me manda parar de pensar tanto e de despencar sempre. Eu já disse que obedeço. Quase sempre.

Quem enfiou essa faca no meu estômago fui eu.

sábado, 5 de junho de 2010

Suspensão

Eu não gosto desse lugar
Mas hoje preciso dele
O tempo pra que eu pense
sinta

A confusão não me deixa colocar em palavras ainda o resto
Há uma cisão que não sintetizou nada ainda

Fico aqui.

O sono me traz aquilo que a concentração não alcança.