domingo, 12 de abril de 2009

Velocidade de ondas

Eu tinha vontade de escrever um texto grande.

Os meus textos sempre vêem na minha cabeça na hora que eu não posso escrever (deixam de ser textos porque não são escritos e porque ninguém mais deles soube? Acho que não: me consolo pois eles ainda existem, portanto), normalmente no período semiconsciente pré-sono.

Sempre que eu venho aqui, no computador ou que pego um papel, saem rabiscos tortos. Não, não é caligrafia ruim (embora a minha o seja), faço desenhos mesmo: árvores são as mais frequentes; e aquelas idéias ficam alí, quietinhas de novo.

Elas costumam pipocar aos domingos, não suportam o tédio da minha cabeça nesses dias. Sou obrigada a esquecer trocânteres, fóveas, incisuras, forâmes, tubérculos e matutar coisinhas mais delicadas (não, não falo de neuroanatomia).

Mas aos domingos vem alguém chamar pra comer um lanchinho aqui, ver um cineminha alí, dar uma voltinha acolá. E elas são abafadas por outras vozes.

Pensei em marcar um horário pra ouvir meus estouros, mas eu já faço isso na análise, só que eu ainda não cheguei a anotar nenhuma sessão, nem gravá-las (vale avaliar a possibilidade).

Voltarei a andar com algo que me permita anotar o que penso. É uma boa. Mas é que sempre tem aquilo né: ondas não-mecânicas se propagam com velocidade máxima no vácuo.