Eu tinha vontade de escrever um texto grande.
Os meus textos sempre vêem na minha cabeça na hora que eu não posso escrever (deixam de ser textos porque não são escritos e porque ninguém mais deles soube? Acho que não: me consolo pois eles ainda existem, portanto), normalmente no período semiconsciente pré-sono.
Sempre que eu venho aqui, no computador ou que pego um papel, saem rabiscos tortos. Não, não é caligrafia ruim (embora a minha o seja), faço desenhos mesmo: árvores são as mais frequentes; e aquelas idéias ficam alí, quietinhas de novo.
Elas costumam pipocar aos domingos, não suportam o tédio da minha cabeça nesses dias. Sou obrigada a esquecer trocânteres, fóveas, incisuras, forâmes, tubérculos e matutar coisinhas mais delicadas (não, não falo de neuroanatomia).
Mas aos domingos vem alguém chamar pra comer um lanchinho aqui, ver um cineminha alí, dar uma voltinha acolá. E elas são abafadas por outras vozes.
Pensei em marcar um horário pra ouvir meus estouros, mas eu já faço isso na análise, só que eu ainda não cheguei a anotar nenhuma sessão, nem gravá-las (vale avaliar a possibilidade).
Voltarei a andar com algo que me permita anotar o que penso. É uma boa. Mas é que sempre tem aquilo né: ondas não-mecânicas se propagam com velocidade máxima no vácuo.